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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Lembrança de uma sexta-feira santa

Sem falar, sem gritar, sem reclamar sua santidade e poder, ele se entregou por nós.
Por nós derramou seu grande amor; remiu nossos pecados; sofreu com grande dor. Grande dor, carregava sob o peso do madeiro todos os martírios dos quais jamais foi responsável.
aceitou o cálice do destino traçado, mesmo antes de ser fecundo no seio daquela Virgem com quem compartilhou a mesma força necessária para o crucial momento.
Revelou todo o seu poder sem ao menos uma única vez admiti-lo petulantemente como outrora outros reis tão mais mortais e imperfeitos nunca foram um dia.
__ Crucifica-o, crucifica-o! - gritavam pobres judeus. Por estes intercedia à Divina Misericórdia pelo erro inconsciente que cometiam.
__ Pobres Judeus?!
__ Sim! Pobres da mais profunda miséria existencial. Foram esquecidos por aqueles que agora punham em suas mãos o destino deste que somente os amou. Antes amantes, admiradores do doce Galileu, do Sábio Mestre; hoje acusadores sem dó nem piedade; testemunhas do que viram e ouviram; esquecidos do amor que sentiram exalar daquele coração que defendia os humildes, as prostitutas, sarava os cegos, ressuscitava os mortos, amava os leprosos.
Foi a madeira e o martelo o seu ofício. São agora também o seu destino.
A cruz torna-se o símbolo de um amor que é provado na carne e no espírito, cuja mesma grandeza não há.

Por Juliane Sales